O que é o Ocidente coletivo?

(Por Batiushka, in The Saker, 30/04/2022, trad. Estatua de Sal)

Introdução

Porta-vozes da propaganda estatal ocidental como a BBC ou a CNN, e os seus jornalistas profusamente nutridos e recompensados ​​pelos seus serviços de espionagem, gostam de falar da “comunidade internacional”. Substituíram com essa nova expressão o velho “mundo livre” da década de 1990. É claro que ambas as expressões são absurdas. Afinal, o que é que realmente significam?

O mundo livre

O hino imperialista de 1740 “Rule, Britannia” contém as palavras “Bretões nunca serão escravos”. Isso significa que a classe dominante do Império Britânico, fundada no genocídio, na pirataria e no tráfico de escravos (por exemplo, os ancestrais proprietários de escravos do ex-primeiro-ministro David Cameron), “nunca serão escravos”. Quanto aos plebeus escravizados do resto do mundo, incluindo os das nações da Grã-Bretanha e Irlanda, eles serão feudalizados, despojados das suas terras pelos Enclosures (= coletivização forçada, não administrada pelo Estado, mas por oligarcas) e enviados para serem explorados nas fábricas sádicas dos capitalistas da revolução industrial, ou então forçados a emigrar para povoar a futura Anglosfera. Da mesma forma, a frase “o Mundo Livre” também significava a classe dominante do Primeiro Mundo, ou seja, aqueles que ameaçavam o Segundo Mundo (o bloco comunista) com a extinção nuclear, explorando o Terceiro Mundo, assassinando todos aqueles que se lhes opunham (Patrice Lumumba, Dag Hammarskjold, John Kennedy, etc.).

A comunidade internacional

A Comunidade Internacional é um termo igualmente hipócrita para designar a Anglosfera + colónias Sionistas. Por outras palavras, é a elite anglo-sionista dos Estados Unidos, Israel, Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, UE, Japão e, sem dúvida, Coreia do Sul. Esses últimos países que não falam inglês são simplesmente vassalos, colónias ou estados clientes dos Estados Unidos, ocupados por tropas e bases americanas. Essa “comunidade internacional” é dominada por uma ala militar chamada NATO (sediada quase ao lado da sede da UE em Bruxelas) e uma ala económica chamada G7, fortemente influenciada por Wall Street e pela City de Londres. No entanto, esta “Comunidade” colabora com instituições vassalas, como o “Banco Mundial”, o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou, em grande medida, a ONU (Organização das Nações Unidas), assim como think tanks e corporações como a Trilateral e a Bilderberg. Ela recompensa os seus asseclas com prémios como o Prémio Nobel, generosamente financiado pela CIA. No entanto, quaisquer que seja a sigla, eles são sempre a mesma clique gananciosa.

O Ocidente coletivo

Esta expressão é agora usada na Rússia para se referir a todos os inimigos da Federação Russa. Esses inimigos são idênticos à “comunidade internacional”, ou seja, a essa pequena mas rica minoria do mundo, que representa aproximadamente 15% da população mundial. Não há nada de novo na realidade dessa inimizade coletiva de ódio e ciúme contra a Rússia. Por exemplo, no século 13, as hordas invasoras de terroristas germânicos, chamados “Cavaleiros Teutónicos”, também eram um gangue de bandidos do “Ocidente coletivo”. No entanto, para ilustrar o nosso ponto de vista ainda mais claramente, vamos examinar as cinco invasões mais recentes de terras russas pelo Ocidente coletivo. Essas invasões ocorreram nos últimos 210 anos (exatamente uma vez em cada 42 anos em média).

1812. O Império Russo foi invadido pelo Império Francês, o Império Austríaco, os reinos da Itália, Nápoles, Saxónia, Baviera, Vestefália, Wuerttemburg, Prússia, Espanha e Dinamarca, a Confederação Suíça, os Grão-Ducados de Hesse, Berg e Baden e o Ducado de Varsóvia. O resultado? Embora as forças coletivas ocidentais chegassem a Moscovo, elas tiveram que recuar com centenas de milhares de mortos e, em 1814, as tropas russas libertaram Paris da tirania de Napoleão.

1853. O Império Russo é invadido pela França, Grã-Bretanha, Sardenha e Império Otomano, apoiados pelo Império Austríaco. Esta guerra, incorretamente chamada de “Guerra da Crimeia”, incluiu a invasão da Rússia através da Crimeia, uma tentativa de invasão britânica da Sibéria a partir do Mar do Japão e o bombardeamento pela Marinha britânica de um mosteiro russo do Mar Branco. Durou até 1856. O fim veio quando os britânicos explodiram as instalações portuárias russas em Sebastopol, construídas dez anos antes por engenheiros britânicos. Por este “feito”, 500.000 seres humanos morreram em decorrência do imperialismo francês e britânico, principalmente por doenças. Outra consequência: em 1867, a Rússia vendeu o Alasca aos Estados Unidos, então amigos, e não para o inimigo, o Canadá britânico.

1914. O Império Russo é invadido pela Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e o rei fantoche alemão da Bulgária. Após imensas lutas, o inimigo avançou apenas até à Polónia e à Lituânia, sem jamais entrar em território russo. O Exército Imperial Russo, que sofreu menos baixas do que os franceses e alemães na Frente Ocidental enquanto enfrentava o dobro de tropas inimigas, marchou para a vitória completa no verão de 1917. No entanto, no início de 1917, o Império Russo foi derrubado por um golpe de estado orquestrado pelos britânicos e implementado por uma quinta coluna de aristocratas (ou seja, oligarcas, na linguagem moderna), generais, políticos, jornalistas e advogados russos traiçoeiros. Sabemos o que aconteceu a seguir.

1941. A União Soviética é invadida por tropas da Alemanha fascista, Roménia, Finlândia, Itália, Hungria, Eslováquia, mas estas são apoiadas por destacamentos de tropas nazis de muitos países ocidentais, incluindo França, Bélgica e Noruega. O resultado? Apesar do massacre de 27 milhões de cidadãos soviéticos pelos nazis genocidas que trataram os povos soviéticos como animais selvagens a serem abatidos, em 1945 as tropas soviéticas libertaram Berlim, descobrindo os restos horríveis de Hitler que acabara de cometer suicídio.

2022. As antigas terras russas (recentemente conhecidas como Ucrânia Central e Oriental), ocupadas, atacadas e ameaçadas por forças nazis, treinadas e equipadas pela NATO (Organização Terrorista Norte-Americana), composta por 30 estados liderados pelos Estados Unidos, estão sendo libertadas. E estão a ser libertadas pelas forças russas que lutam no que não é uma guerra russa contra a Ucrânia, mas uma guerra por procuração da NATO contra a Ucrânia.

O Ocidente coletivo? Afinal nada de novo neste conceito.

Conclusão: Uma palavra de advertência

27 milhões de mortos? A menos que você esteja com morte cerebral, não envie Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, para intervir na operação especial de libertação russa na Ucrânia. O avô dela era um nazi que, como voluntário, se tornou sargento da Wehrmacht, liderou uma unidade na frente soviética que caçava grupos de resistência, participou na tomada de Kiev, capital da Ucrânia, e participou  no bárbaro massacre de Babi Yar em setembro de 1941, no qual mais de 33.000 judeus foram massacrados a sangue frio.

E, por favor, não envie também Chrystia Freeland, a vice-presidente canadiana, para intervir na operação especial de libertação da Rússia na Ucrânia. O avô desta era um nazi ucraniano, Mykhailo Khomiak, procurado após a guerra pelas autoridades polacas devido aos seus crimes de guerra.

As nossas palavras de advertência vão para todos os outros nazis e fascistas que parecem pensar que VV Putin é um deles. Não é o caso. Ele é um antifascista, cujo avô, aliás, era francês. Como o czar Nicolau II um século antes dele, VV Putin é pela justiça social contra os aristocratas/oligarcas anglo-sionistas que governam o mundo ocidental e tentaram governar o mundo russo, do qual os últimos oligarcas estão a ser expulsos.

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9 pensamentos sobre “O que é o Ocidente coletivo?

    • Vale a pena acrescentar a esta lista 1917, quando potências ocidentais invadiram a Rússia em apoio ao exército branco, logo após a Revolução.

  1. Já lá dizia Talleyrand dos Bourbon que estes não aprendiam nem esqueciam nada.

    Assim são os nossos PCP. Mesmo com a Rússia entregue a mafias cleptocratas e desigualdades escandalosas, mesmo com o comunismo enterrado por lá numa fossa de dez metros de altura, a grande mãe Rússia continua a ser quem era.

    Como por cá Rússia lembra 1975, golpes de estado e uma cultura pouco apreciada, veremos o impacto desta paixão nos votos no PCP.

    Para os que criticam conúbios com o Chega, é bom lembrar que conúbios com o PCP são igualmente conúbios com forças antidemocráticas.

    • Forças anti democráticas ?

      Desculpe, mas é preciso ser-se um burro do caralh* para se dizer uma coisa dessas.

      Nem é preciso falar do PCP em particular e das inúmeras contribuições ao longo dos últimos 100 anos à vida democrática de Portugal, desde as lutas constantes contra o fascismo de Salazar, assim como tudo o que fizeram pelo reforço do Estado Social desde 1974!

      Se o senhor vem falar da porcaria do Novembro de 1975 e da maneira como se “impediu Portugal de ser um satélite da URSS” ou outra treta qualquer, lembre-se de que não havia e não há maneira absolutamente nenhuma de determinar o que teria acontecido se não houvesse aquela “insurreição” – que consistiu num indivíduo a entrar por um portão dum quartel adentro com um carro de combate – contra o predomínio político do PCP em Portugal.

      Por outro lado, para alguém que critica os conúbios com o Chega, o senhor vai muito facilmente na onda propagandística do CDS/Chega, que justificam um anti comunismo primário, sem sequer saber do que está a falar quando pensa em Comunismo, e do contributo de Comunistas e Anarquistas que tiveram muito mais espinha ao pugnar por direitos sociais e humanos do que um cobardolas apaniguado como o senhor que se verga diante dos Mestres que o exploram.

      Por último, o senhor só tem uma série de valências sociais, programas de apoio, educação, saúde e vive em quatro paredes e abrigado dos elementos precisamente porque Anarquistas e Comunistas no séc. XIX MORRERAM executados pelos poderes estatais instituídos na Europa e nos EUA – poderes que salvaguardavam sempre os interesses do capital industrial – a lutar por direitos humanos básicos como uma alimentação que tivesse mais do que pão velho, vegetais podres e condições de habitação imundas, e morreram a lutar contra um sistema desumanizador que nos explora a todos em benefício dum grupo privilegiado de indivíduos que determina aquilo que o senhor pode ou não fazer com as suas capacidades intrínsecas e absolutamente valiosas enquanto ser humano.

      O problema é que os porquinhos gostam é de grunhir aos guinchos e rebolam satisfeitos na lama quando os cuidadores lhes atiram com os restos decadentes da sua comida.

      O senhor é um caso patológico: verga-se, acha que não merece nada e que tem de viver à base de esmolas.

      Pois bem, se está convencido disso, faça isso mesmo.

      Mas então não intervenha de maneira alguma na vida política deste país, porque, se é para estragar o Estado Social e espalhar veneno como um ignorante, mais vale estar calado.

      É a velha máxima que se diz aos meninos na escola: não queres estar na aula ? Então está calado e não perturbes os outros!

      É uma questão de educação.

      Em último lugar: com um nome como “Talleyrand do Bourbon”, não me espanta nada que alguém com um nome de tal forma altissonante e respeitável fosse anti-comunista.

    • Até lhe digo mais.

      É muito estranho dizer-se que a “grande mãe Rússia continua a ser o que era”.

      Esta é que me deixa mesmo parvo.

      Então vocês chamam ao Putin ditador, nazi, fascista, autocrata, Plutocrata, Oligarca, Líder Totalitário, Czar, fdp, e agora continua a ser comunista e a Federação Russa entretanto passou por uma nova revolução vermelha que ninguém viu, é isso ???

      Ou será que os 300 milhões de Russos que habitam aquele pedaço de terra que abarca três continentes são todos comunistas dissimulados e estão à espera de desenrolar bandeiras e fotografias do Lenin na praça vermelha como se de uma paródia dos Simpsons se tratasse ?

      Eh pá, é preciso ser-se um bocado palerma para acreditar e afirmar que a história MILENAR daquele país e daquele povo, constituído por mais variedade étnica do que aquela que o senhor alguma vez verá na sua vida, se resume a um marco importante, sim, mas que se limitou a 70 anos num conjunto de MIL!

      Realmente eu gostava de saber o que é que a Mãe Rússia continua a ser!

      Um sistema czarista e feudal que explorava camponeses e proprietários rurais que viviam na miséria enquanto uma classe de aristocratas vivia faustosamente e, no meio daquelas valentes patuscadas a que a burguesia está habituada, punham-se com caridadezinhas a ver se resolviam a pobreza por eles causada que assolava milhões de pessoas naquele país ?

      É essa a “Grande Mãe Rússia” de que fala ? Realmente, não percebo nada disto. Estes direitolas passam a vida a contradizer-se e, no final, não dizem nada!

      Se vai falar de oligarcas e plutocratas, não estou a vê-lo muito preocupado com os que o governam e que o encaminham para uma recessão! E depois, por um lado odeia os comunistas que acabam com os oligarcas, mas por outro critica e está farto de oligarcas, é isso ? Bravo! Olhe que não é assim que se livra deles!

      Mais: preocupe-se com os seus e deixe lá os russos em paz, que eles estão aí a mil quilómetros de distância e não querem saber deste quintal à beira mar para nada!

      Terra têm-na em demasia e não sabem o que fazer dela, e mar vai descongelando aos poucos, de modo que estão mais do que satisfeitos!

      Vá mas é queixar-se daquele pândego que anda pela Assembleia da República a atirar os braços ao ar como se estivesse a ver um fora de jogo e a recordar-se dos tempos em que era comentador de futebol e que, quando não gosta das respostas que lhe dão, levanta-se e vai-se embora como o bom democrata que é, em vez de assumir que talvez e apenas talvez esteja errado e seja um valente cabr**!

      É pena é que não lhe dê um mau humor todos os dias e não meta os pés no edifício para o resto da vida.

      Gostava apenas de acrescentar que da última vez que tivemos palermas a berrar idiotices a plenos pulmões na Assembleia com os sequazes ao lado a gritarem “Apoiado” e a pedirem as demissões do governo foi em 1872!

      Isto é verídico!

      Por último, não falo por toda a gente, mas digo que, se ser comunista significa receber críticas por parte de pessoal que partilha as visões de governos nazis que torturam opositores/queimam pessoas/ realizam execuções sumárias/proíbem órgãos de comunicação social e línguas de populações étnicas, ou ainda que se coadunam com as políticas imperialistas de sistemas abjectos, decadentes e corruptos que só existem pela exploração contínua e desenfreada de recursos naturais, ilegalmente apropriados através de operações de mudança regime, guerras ilegítimas, ou ingerências em assuntos internos de Estados Soberanos, então, caramba, ser-se comunista é ser-se do melhor que esta Terra e esta Humanidade alguma vez produziram, e identificar-se dessa forma é o mesmo que usar uma medalha ao peito sempre que se acorda de manhã e ao longo do dia inteiro de lutas contínuas por direitos humanos básicos!

      Se ser comunista significa que se é odiado por nazis, e que por eles se é perseguido desde que o nazi-fascismo existe, então isso basta como certificado de garantia de que se deve ser um democrata como nunca antes os houve, e que se opõem a todos os tipos de movimentos anti democráticos que procuram subjugar os seres humanos à categoria de bestas que se moldam como bem as entendemos e que servem apenas para perpetuar o domínio político e socio-económico ao estilo feudal de uma clique de capitalistas imperiais sórdidos.

    • Apercebi-me agora de um outro problema com o seu comentário:

      “Como por cá Rússia lembra 1975, golpes de estado e uma cultura pouco apreciada”

      Então o senhor chama ao 25 de Abril de 1974 um golpe de estado ?

      Já se percebeu com quem anda!!!

      Ou está a falar do 28 de Setembro de 1974, em que a “maioria silenciosa” reacionária quis organizar uma manifestação de apoio ao Spínola, sendo que a manifestação saiu gorada pelo MFA, e forçando o “General” a resignar do Governo ?

      Ou está a falar do 11 de Março de 1975, esse sim um golpe de estado, em que, outra vez, os conservadores reacionários quiseram reverter o processo revolucionário iniciado pelo MFA e instalar a ditadura ? Felizmente, foram travados!

      O golpe foi dominado pelo MFA e o Spínola teve de fugir para Espanha!

      Ou está a falar do Verão Quente de 1975, época em que houve confrontos populares, principalmente no Norte, e atentados bombistas pela direita anticomunista a sedes de partidos da esquerda revolucionária que ajudou a derrubar o Fascismo ?

      Fique lá com a porcaria do seu Novembro de ’75, facho dum raio!!!

      Venha criticar as forças anti-democráticas que acabaram com a ditadura e continue a usar a propaganda daqueles que a querem de volta, que faz muito bem!

      Entretanto, a História e as pessoas lembram-se de quem esteve ao seu lado na luta contra a opressão!

    • Imagine lá porque é que, após tantos atentados e tantos restos de direita reacionária Salazarista a medrarem pelo país depois de Abril de 1974, o PCP tinha uma enorme predominância política ?

      É a tal história das Causas e dos Efeitos.

      É realmente estranho achar-se que, quando aquela direita bruta e bombista grassa pelo país fora depois de uma revolução que deita abaixo uma ditadura, não vá haver comunistas a lutarem contra esses grunhos e a procurarem tomar as rédeas do país para acabar com o raio dos fascistas duma vez por todas.

      É realmente muito curioso.

      Ainda mais curioso do que a costumada história da direita reacionária andar pelos tempos, mas não mudar os seus discursos e manter-se fiel ao seu anti-comunismo.

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